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TUMULTO HAITIANO

A Revolução Haitiana é um alicerce, instalando um governo revolucionário no Haiti e espalhando o medo dos levantes entre colonos por todo este território americano.

AD-TUMULTOS - Revolução Haitiana
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Loc: Complexo Cultural de Planaltina

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O primeiro francês caiu morto

Envenenado em sua casa

Mais uma noite em rito vodu

 

No vale, onde ninguém ia

Amedrontar os crocodilos

Makandal o acontecido previa

Herbalista preciso ensinava

Retirar a peçonha das flores

 

Quis reinar seu pesadelo

Cortar mar até a Espanha

Mesmo em meio a tantas dores

E o bloqueio do navio inglês

Quis ele dizer de soslaio

 

Chega disso!

Avisem Suzanne Belair

Invente a união dos libertos

Traga os demais ao levante

Serão 12 anos de luta

Se aqueçam no caldo de abóbora

Descansem de suas labutas

 

Consultem Fatiman, feiticeira

Consultem Henriette, espiã

 

Irrompam de vez

Toda casa, vambora

Estamos em 10 vezes mais

É o fim dessa costa para eles

 

É a cor dos maroon, quilombola

 

Louverture será enganado

Na sequência da bandeira

Que delicada Catherine coseu

O azul Gaulês

Com o vermelho sangue fatigado

 

Para cada nosso

Um deles será enterrado

Nas montanhas

 

Insurgir, com as armas britânicas

Abolir o regime escravista

Cingir nossa independência

A tal liberdade não dista

 

Gritá-la aos 4 cantos

Colono nenhum mais engana

Sejamos exemplos ao mundo

De cá para as revoltas baianas

"Pela primeira vez, a Europa se via derrotada de forma incontornável por aqueles que há séculos subjugava. Para o mundo colonial, a derrota instalou uma onda de medo de que outras nações, assim como o Haiti, nascessem independentes a partir da resistência das negras e dos negros escravizados.

Após a Independência (1804), o Haiti ofereceu também alguns caminhos pelos quais se destruiria também as bases do sistema escravista, com a finalidade de inviabilizar qualquer possibilidade deste ser restabelecido. Europeus remanescentes foram massacrados, as propriedades e os direitos da população branca foram confiscados. Além disso, os grandes latifúndios, antes palcos da servidão compulsória no sistema de plantation, foram convertidos em pequenas propriedades familiares. O mundo colonial foi desmontado no Haiti.

Parte considerável dos processos de independência na América Latina podem ser compreendidos como ocorridos sob certa influência das repercussões envolvendo a Revolução Haitiana. Diante do medo de que uma revolta semelhante viesse a acontecer, as elites coloniais no restante da América buscaram conduzir os países à independência, mantendo certo controle sobre esse processo para que a experiência haitiana não se repetisse em seus respectivos territórios.

É por essa razão que, de certo modo, estudar a Revolução Haitiana é estudar o nascimento do mundo contemporâneo." (CABRAL, 2021)



 

"Quando da chegada dos europeus, no fim do século XV, na ilha de Hispaniola, habitava “um grupo de índios aruaques chamados tainos que viviam da agricultura, eram organizados em cinco chefias e montavam acerca de meio milhão de indivíduos” (DIAMOND, 2006, p. 402). Estima-se que já nas primeiras décadas de colonização da ilha, o número de *originários* tenha sido resumido a menos de três mil (DIAMOND, 2006).

(...)

“Horrorizado pelas dramáticas circunstâncias, o padre dominicano Bartolomeu de las Casas sugere que se traga da África a mão de obra necessária à exploração dos novos territórios” (SEITENFUS, 1994, p. 27).

 

"Foi, portanto, por meio da imensa importação de escravos africanos – que alcançou uma média anual de trinta mil almas, acompanhado do crescimento econômico das plantations açucareiras, beneficiadas pela independência das colônias inglesas na América do Norte (Hálperin apud Wasserman; Guazzeli, 1996) foram lançadas as sementes do “único Estado independente constituído por africanos fora da África [...]” (SEITENFUS, 1994, p. 33). Regadas com o suor dos escravos negros africanos, as sementes germinaram ao sol junto aos canaviais. (...)

Após mais de dez anos de intensos e violentos conflitos, surgia o Haiti, o primeiro país independente da América Latina, segundo Seitenfus, “uma república negra nas Américas” (1994, p. 33). A independência do Haiti propiciou a emergência de um Estado com a absoluta preponderância de sua população negra. Isso proporcionou, ao longo dos últimos dois séculos, um processo histórico peculiar na América. Em outras palavras, em 1º de janeiro de 1804, nascia a África Americana.

Pela primeira vez a Europa e a América presenciavam um processo revolucionário em que as classes subalternas coloniais subjugavam seus opressores – coloniais e metropolitanos. O Haiti nasceu da fantástica resistência e luta dos escravos e mulatos contra todas as classes que os dominavam." (FONTELLA & MEDEIROS, 2016)

Fonte:

 

CABRAL, Gabriel. A Revolução Haitiana e o nascimento do mundo contemporâneo. 2021. Disponível em: <https://negre.com.br/a-revolucao-haitiana-e-o-nascimento-do-mundo-contemporaneo/>.

 

FONTELLA, Leandro G., & MEDEIROS, Elizabeth W. (2016). Revolução haitiana: o medo negro assombra a américa. Disciplinarum Scientia | Ciências Humanas, 8(1), 59–70. 2007.

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